terça-feira, 14 de maio de 2019

Aristóteles e o fim último : a felicidade -BACHARELADO

Aristóteles expõe suas reflexões éticas na obra Ética a Nicômaco . Também escreveu outras duas obras sobre este tema: a Ética a Eudemo, que reflete elementos de seu período de juventude, e a Grande Moral ou magna moralia, na qual aparecem de forma resumida as ideias centrais da Ética a Nicômaco, a obra Política, que para Aristóteles é um desdobramento da Ética.

Aristóteles inicia a Ética a Nicômaco afirmando que toda ação humana se realiza visando um fim; o fim que impulsiona a ação coincide com o bem, se identifica com o bem. Ainda assim, alerta o pensador, muitas das ações que o indivíduo executa são "instrumentos" para possibilitar a realização do fim. 

Por exemplo, o fato de submeter-se aos cuidados da Medicina preventiva tende a evitar futuras intervenções mais complexas e perigosas, possibilitando um fim que não é o imediato. Alimentar-nos de forma racional sem cometer excessos para ter boa saúde também visa a um fim não imediato. A correta alimentação é um instrumento, como a Medicina preventiva, para ter boa saúde, que é o fim último da ação.

Aqui surge a pergunta: existe algum fim que não seja um instrumento para alcançar outro bem mais cobiçado? Aristóteles diz nessa obra que a felicidade é o bem último. A felicidade é aquele estado a que todos aspiraram por natureza. A felicidade é um conceito que está identificado com a boa vida.

 O problema é que não são todos os homens que concebem de forma clara o que é a verdadeira felicidade, muitos, procurando a felicidade, se entregam ao prazer, procuram acumular riquezas materiais, cargos de reconhecimento, honras, enquanto a verdadeira felicidade é viver de forma virtuosa, sem cometer excessos.

 Quanto maior for o número de virtudes que o indivíduo pratica, mais virtuoso ele será, e a prática consciente da virtude está diretamente ligada à felicidade. A felicidade é então o maior dos bens, é um bem em si .

Ninguém pode buscar a felicidade pela felicidade; a felicidade não é uma coisa que pode ser adquirida. Muitos imaginam que, adentrando no mundo dos prazeres, das posses materiais, do poder, podem "comprar" a felicidade, mas esta é um bem absoluto, é considerada um bem em si mesmo. Só podemos alcançar a felicidade como consequência de uma vida reta e virtuosa. 

No livro 2 da Metafísica (2006), Aristóteles descreve o que entende por virtude e vício. O homem deve repetir as boas ações, aquelas consagradas como boas. Praticando boas ações e descartando as erradas, adquire-se um hábito, que, para Aristóteles, é a Virtude. Por sua vez, se a minha conduta não é a correta e mesmo assim persisto nela, estarei adquirindo um vício. 

Virtudes e vícios têm relação com a conduta escolhida. Todo bom hábito deve ter como farol o termo médio, que se encontra entre os extremos. Alguns vícios são produto do excesso, outros, da privação; a virtude escolhe o termo médio. Assim, a virtude é o termo médio, mas a perfeição que a determina é o Bem. Contudo, não existe uma norma rígida sobre como se comportar perante determinado fato.

 Continuamente devemos, racionalmente, tomar decisões corretas. Mesmo que exista essa necessidade de avaliar continuamente nossas decisões, não podemos nem pensar que Aristóteles aceite a relatividade da virtude. Acontece que o que é termo médio para uns pode ser extremo para outros e vice-versa. 

Virtudes éticas e dianoéticas

Para explicar as virtudes, Aristóteles (2002) parte da análise da ação humana. Aristóteles, com relação às ações humanas, determina que existem três aspectos principais presentes nelas: a volição, a deliberação e a decisão. Sobre a primeira, a vontade, Aristóteles afirma que está orientada para o bem. 

Portanto, a preocupação não é sobre o que queremos, e sim sobre que caminhos escolhemos para alcançar o bem, que já está determinado na própria natureza humana. O segundo aspeto sim é fundamental: a deliberação, como e o quê fazer; este inspira o terceiro, a decisão.

Aristóteles continua explicando que as virtudes éticas são resultado de nossos costumes e hábitos e são dirigidas a dominar a alma sensitiva. Durante toda nossa existência, vamos desenvolvendo um ethos. Para as virtudes éticas, vale a teoria do justo- -meio; por exemplo, entre a vaidade (que é um excesso) e a extrema modéstia (que evidencia falta de autoestima) está o respeito próprio, que coincide como o justo-meio, que é uma virtude.

 As principais virtudes são: fortaleza, temperança e justiça. As virtudes dianoéticas, relacionadas às funções da alma racional, formam parte do intelecto (nous) e do pensamento (noésis). Seu desenvolvimento depende da boa educação.

As principais virtudes dianoéticas são: sabedoria e prudência. Segundo Aristóteles.

O ideal grego consistia na beatitude da contemplação. O romano, porém, era o oposto do grego, caracterizando-se pelo espírito prático.


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